Nisto ao meu lado levanta-se uma senhora com cerca de 40 anos, daquelas para quem a vida deve ser a preto e branco, e vai protestar com a senhora do balcão, a senhora com uma resposta curta e certeira, como um soco seco, diz "passou a vez da senhora e só está a ser atendida agora, porque tem 3 senhas de tolerância" a senhora dá meia volta e regressa ao seu lugar com a cabeça entre as pernas, como um cachorro arrependido e envergonhado, mas não satisfeita ou achou que se devia tentar desculpar perante todos ainda solta um desabafo muito pouco oportuno e muito xenófobo "estas brasileiras têm a mania que sabem mais que nós", sem comentários.
Pus-me a pensar e reparei que a reacção da senhora é normal, é normal na adolescência e na juventude onde reagimos a quente e não pensamos duas vezes sobre o assunto. Ao longo do processo de amadurecimento, vamos aprendendo a pensar duas vezes sobre o assunto e a não reagir com a cabeça quente, faz parte do processo de transição para adulto a capacidade de ponderar e respeitar toda a gente, portugueses, brasileiros, chineses, africanos... qualquer pessoa tem direitos e deveres e merecem ser tratados de igual para igual. Existe uma frase que foi dita por alguém que reflecte bem esta etapa de amadurecimento.
"Antes dizia o que pensava, agora penso o que digo!"
Na adolescência acho que todos nós somos um pouco assim, o sangue a ferver, achamos que podemos mudar o mundo e a pouco e pouco vamos perdendo esta caracteristica, talvez porque nos vamos apercebendo que não conseguimos mudar o mundo ou porque ao invés de mudarmos o mundo é o mundo que nos muda a nós, verdade é que vamos ficando mais conscientes que não podemos dizer tudo aquilo que achamos incorrecto na sociedade. Esta senhora deve ter faltado a essa aula ou ainda hoje está a fazer essa cadeira porque com aquela idade ainda não aprendeu a esperar para ver e a pensar duas vezes antes de dizer ou fazer qualquer coisa.
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